Acontece nesta terça-feira (20), a partir das 17h, julgamento histórico sobre o pedido de cassação da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, e da vice-prefeita, Camilla Nascimento de Oliveira, ambas do PP. O Ministério Público Eleitoral concluiu que há indícios de compra de votos na última eleição. Independente do resultado, a progressista deve sofrer desgaste político.
Na avaliação de Albuquerque, caso o TRE casse o mandato de Adriane, a prefeita terá pouca chance de reverter o resultado no Tribunal Superior Eleitoral. “A chance de reversão no TSE é muito pequena”, avalia, considerando provável a hipótese da Capital realizar, pela primeira vez na história, nova eleição para escolher o comando do Poder Executivo.
No entanto, Adriane tem chance de sair vitorioso com o pedido de cassação ser julgado improcedente. Mesmo assim, na opinião do cientista político, a progressista vai ter perdas políticas em função do desgaste da denúncia de compra de votos e de não ter repetido no segundo mandato o mesmo êxito do primeiro.
Julgamento deve terminar no TSE
O plenário do Tribunal Regional Eleitoral pode decidir hoje o futuro de Adriane. O relator é o juiz eleitoral Alexandre Antunes da Silva, famoso por ser ágil e implacável com policiais ligados à Máfia do Cigarro. Ao atuar na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, o magistrado também pesou a mão para acusados por desvios de recursos públicos.
Além do relator, o processo terá o voto dos desembargadores Carlos Eduardo Contar (presidente) e Sérgio Fernandes Martins e do juiz Vitor Luís de Oliveira Guibo; do juiz federal Fernando Nardon Nielsen; e dos juízes indicados pela advocacia, Carlos Alberto Almeida de Oliveira Filho e Márcio de Ávila Martins Filho.
Independente do resultado, o desfecho será dado pelo TSE. Caso seja cassada, Adriane vai recorrer da decisão. O PDT e o Democracia Cristão também vão apelar em caso de rejeição do pedido.
A pressão sobre os juízes eleitorais é grande, tanto de quem defende quanto de quem se opõem a gestão de Adriane Lopes. Ninguém arrisca um placar. A turma poderá seguir a sentença do juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 036ª Zona Eleitoral, que julgou o pedido improcedente, ou acatar o parecer do MPE e cassar o mandato, tornando-as inelegíveis por oito anos.
Voto custou R$ 100
De acordo com o procurador regional eleitoral, Luiz Gustavo Mantovani, há indícios de que houve compra de votos. “A cassação dos mandatos de ADRIANE BARBOSA NOGUEIRA LOPES e CAMILLA NASCIMENTO DE OLIVEIRA, respectivamente, candidatas a prefeita e vice-prefeita da chapa majoritária eleita em Campo Grande/MS, no pleito 2024, por captação ilícita de sufrágio, nos termos do art. 41-A da Lei n. 9.504/97 e art. 22, inc. XIV, da Lei Complementar n. 64/90; 2) a inelegibilidade das investigadas para as eleições a se realizarem nos 08 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou o abuso acima narrado, nos termos do art. 22, inc. XIV, da Lei Complementar n. 64/90”, opinou o MPE.
Conforme a denúncia, houve provas com pagamento por meio de PIX e gravação de vídeos sobre a compra de votos por assessores de Adriane. No Bairro Aero Rancho, cerca de 200 veículos foram reunidos em um campo de futebol, onde o coordenador da campanha teria repassado R$ 100 para cada veículo adesivado com a campanha pela reeleição da atual prefeita.