Espécies de peixes possivelmente responsáveis pelos acidentes de 14 banhistas no balneário Praia da Figueira, localizado a 20km do centro de Bonito, ameaçam a biodiversidade de um dos principais destinos de ecoturismo do mundo. A análise é do biólogo especialista em ictiologia e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), José Sabino.
“Os peixes de outras bacias podem causar danos à biodiversidade de um modo geral, no caso específico do Tambaqui ou do Pacu, são peixes que se alimentam, além de frutos, também de plantas. A biodiversidade de Bonito pode estar ameaçada. Uma das coisas mais bonitas da região de Bonito, mais incríveis, mais únicas, são os jardins submersos, e a possível presença deles nessa região afeta tudo, incidentes com turistas, mudança na vegetação e disputa com outras espécies”, esclarece o especialista.
Após os ataques, equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério Público realizaram fiscalização no balneário, que tem uma lagoa artificial. Nesta quarta-feira (16), os agentes voltaram ao balneário para tentar capturar os peixes e fazer análise das espécies.
Peixes responsáveis pelas mordidas
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/i/B/BfcYlYQeSXi8dtDy1ZgQ/whatsapp-image-2025-04-01-at-19.06.57.jpeg)
Segundo a analista ambiental do Ibama Fabiane Souza, duas espécies da bacia amazônica ou uma espécie local podem ser as responsáveis pelas mordidas: o tambaqui, tambacu ou até mesmo o pacu.
“A gente precisa saber de onde esses animais vieram, a origem deles, para poder saber então como que isso aconteceu, como eles foram introduzidos aqui. As espécies podem causar uma série de impactos no ecossistema local, na biodiversidade, que são espécies que competem com espécies locais por alimentação”.
Caso seja constatada a presença de espécies exóticas, os donos do atrativo podem sofrer processo administrativo, autuação e ordem para retirada dos peixes. O laudo do Ibama deve ser publicado em 20 dias.
O atrativo chegou a ser interditado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) em março deste ano após visitantes serem atacados. No último dia 10, o órgão estadual liberou o uso parcial da lagoa artificial do atrativo, após a instalação de uma grade de contenção para impedir o acesso dos peixes “de médio e grande porte à área destinada ao banho, bar molhado e tirolesa”.