Nesta sexta-feira, 13 de outubro, às 20h, o Teatro Unimed receberá o cantor e compositor Jair Oliveira como parte do “Festival PDDM – Por Dentro da Música”. Jair terá a companhia especial da atriz Tania Khalill, sua esposa. Jair apresentará um espetáculo que cativará o público adulto.
Simoninha, criador e diretor do festival, descreve o show como “uma verdadeira máquina do tempo, nos levando a uma deliciosa viagem ao passado, presente e futuro da música brasileira e à nossa própria infância.”
Jair Oliveira, conhecido como Jairzinho, começou sua carreira musical aos seis anos, ao lado de seu pai, o saudoso Jair Rodrigues. Ele fez parte da icônica “Turma do Balão Mágico”, um dos maiores sucessos populares na década de 1980 no Brasil. Com formação em produção musical e music business pelo Berklee College of Music (Boston, EUA), ele se dedicou à produção musical para cinema, televisão e publicidade, além de sua carreira solo como compositor e cantor, lançando sete álbuns.
Seu trabalho “Selfie”, de 2019, foi indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. Em uma entrevista exclusiva a OFuxico, Jair Oliveira falou sobre o show; como é dividir a vida e a arte com Tania Kalill, com quem é casado há 18 anos, a sensação sempre presente do pai, o saudoso Jair Rodrigues (1939 2014) e muito mais. Confira!
OFuxico – O que os adultos podem esperar desse show no dia 13? A gente vai poder voltar a ser criança com canções do Balão Mágico, Já que um dia antes é o Dia das Crianças?
Jair Oliveira – Este show faz parte de uma programação do festival “Por Dentro da Música” e ele me convidou não só pela minha relação com o “Balão Mágico”, mas também com “Os grandes Pequeninos”. Mas não é um show para cantar exclusivamente coisas para criança, na verdade é um show meu, da minha carreira do meu repertório, onde eu incluo obviamente coisas que marcaram a minha carreira tanto na época do “Balão Mágico”, como na coisas dos “Grandes Pequeninos” e também da minha carreira como compositor, da minha carreira como intérprete; coisas que me influenciaram, coisas do meu pai que que mostram essa herança musical, então é uma mistura de várias fases e também de várias referências e influências da minha carreira.
OFuxico – As músicas são todas da sua autoria? E como escolheram o repertório para este show?
Jair Oliveira – As músicas não são todas da minha autoria, é um show que vai contemplar várias fases da minha carreira, inclusive quando eu ainda não compunha, cantando ali coisas do “Balão Mágico”, algumas coisas, umas duas ou três canções ali dessa época, essas canções obviamente não são minhas coisas. Por exemplo, para relembrar o repertório do meu pai, eu vou fazer “Disparada”, por exemplo, “Deixa isso para lá”, essas canções clássicas são de autores também clássicos da música brasileira. Mas boa parte do repertório do show é de minha autoria, porque eu vou fazer muita coisa do meu repertório como compositor e para montar esse espetáculo para o festival, ele é em cima desse conceito também de mostrar um pouco as referências, de falar um pouco sobre o processo criativo, de explicar como essas canções entram na minha vida musical. Eu vou também comentar sobre essas composições minhas, então, tem coisas minhas que foram sucesso nas vozes de outros artistas, como por exemplo “Simples Desejo”, que foi sucesso na voz da minha irmã, a Luciana Melo, mas também do Thiaguinho e Gilberto Gil, Ney Matogrosso, enfim, e tem coisas que que eu mesmo lancei na minha voz e chegaram a tocar bastante. Então, tem um apanhado de situações e boa parte do repertório do show é de minha autoria, mas tem outras coisas importantes também que marcaram minha carreira e são de outros compositores, mas que são músicas que marcaram a minha vida.
OFuxico – Tania canta todas elas com você?
Jair Oliveira – A Tânia não canta tudo comigo não; ela vai só participar de um trechinho do show que provavelmente a gente vai fazer aí umas duas canções do nosso projeto “Grandes Pequeninos” e vai ter alguma dinâmica também. Talvez alguma cena do espetáculo que a gente já tá acostumado a fazer ou alguma dinâmica entre marido e mulher, pai e mãe, desse projeto “Grandes Pequeninos” e aí ela ela se apresenta ali comigo com essas duas canções. E essa é a participação dela, né, e óbvio ela vai estar ali mandando a energia dela durante o resto do show. Então ela está ali comigo e isso é muito importante para mim e acho que para o show também. Pra gente poder mostrar um pouco mais desse projeto que pra gente é tão importante, que fala não só com as crianças, mas também com todas as famílias.
A gente tem o nosso canal no YouTube que é youtube.com/grandespequeninos que já tem lá quase meio milhão de inscritos, é um projeto que chega bastante também nas escolas, tanto da rede pública quanto particular, chega também em várias instituições que lidam com temas importantes, como autismo, a síndrome de down, então assim, é um projeto que tem muitas mensagens positivas sobre uma série de coisas e para a gente é de uma importância enorme. Hoje em dia em nossas carreiras, esse é um projeto que nos traz muitas alegrias, além de ser muito pessoal. É algo que a gente acabou criando em torno da nossa família mesmo, em torno das nossas filhas. Eu me inspiro muito nas nossas filhas para compor essas canções todas e é um projeto muito bonito para a gente.
OFuxico – Ao todo, quantos CDs você lançou para crianças junto com a Tania?
Jair Oliveira – Ao todo, eu e Tânia já lançamos três discos dos “Grandes Pequeninos”. O primeiro a gente lançou em 2009, foi indicado ao Grammy Latino de 2010. O segundo a gente lançou depois que nasceu nossa segunda filha, a Laura. O primeiro eu compus para nossa primeira filha, Isabela aí o segundo para as duas né para Laura e para Isabela e o terceiro a gente acabou lançando durante a pandemia, acho que em 2020 ou 2021 que a gente acabou lançando e fizemos três espetáculos: dois espetáculos que a gente acabou rodando o Brasil e o terceiro a gente lançou na pandemia, foi virtual e agora a gente retoma também as apresentações presenciais.
OFuxico – Vem mais por aí?
Jair Oliveira – Então são três discos e eu tô preparando o quarto disco para o ano que vem. Provavelmente a gente vai lançar no meio do ano, entre o primeiro e segundo semestre do ano.
OFuxico – Como é dividir o palco com a esposa, companheira da vida?
Jair Oliveira – É uma delícia, é uma glória poder dividir, não só o palco, mas dividir todas as questões profissionais dos “Grandes Pequeninos” e também de outros projetos que eu faço com a Tânia. Por exemplo, a gente tem um projeto que é só para as redes sociais, que é um negócio chamado “Cozinha Carinhosa”, onde a gente mostra um pouco do nosso cotidiano ali, de cozinhar para as nossas filhas… Eu mais aprendendo do que ensino. A Tânia está mais nesse comando das coisas que a gente faz ali, é mas é um projeto que também traz o respeito, o carinho, o amor. Coisas leves, então tem alguns projetos que eu e Tânia fazemos juntos. “Grandes Pequeninos” é obviamente o maior deles, porque é o que a gente tá mais tempo fazendo, a gente dedica muito dos nossos esforços para poder seguir fazendo esse projeto, que para a gente é muito especial. Então, é uma honra e além disso eu acho que reforça muito também a nossa relação pessoal, não só profissional, mas é pessoal porque a gente tá sempre muito envolvido um com o outro, sempre pensando em todos os nossos projetos, não só os profissionais, mas os pessoais também, de cuidar de nossas filhas, de estar ali perto, presente, cuidando da casa cuidando dos compromissos, enfim, então acho que é uma parceria que se estende para todos os lados, não fica só no pessoal, não fica só no profissional, mas é uma junção desses universos.
OFuxico – 18 anos de casamento… Rolam desentendimentos?
Jair Oliveira – É claro, que desentendimentos existem né? E eu acho que eles são parte também da evolução que a gente vem experimentando como um casal, os desafios, a gente tem que aprender a lidar juntos e a gente tem feito isso. A gente se esforça e qualquer relação que seja bem sucedida, ela precisa de um esforço, precisa do exercício, então desentendimentos acontecem, mas a gente sempre também tenta lidar com eles de uma maneira sensata, carinhosa, amorosa e aí a gente acaba diminuindo um pouco. Mas a nossa relação é sempre muito baseada no amor, no carinho, com respeito e desentendimentos são menores, obviamente, infinitamente menores que as parcerias carinhosas que a gente acaba tentando exercitar. Pra gente aqui é isso, um casal normal, que se ama muito, se respeita muito e trabalha junto e que vive junto e está sempre buscando desenvolver essa parceria
OFuxico – O pai, Jair Rodrigues: além da saudade, existem pitadas do pai em suas canções?
Jair Oliveira – Olha meu pai ele sempre teve uma influência muito grande, não só pessoal, óbvio, mas profissional em minha vida. Eu sempre fui muito fã de Jair Rodrigues também com o trabalho do meu pai que é um trabalho extenso são mais de 50 álbuns lançados, um histórico na música brasileira assim absolutamente incrível e claro que ele é uma influência muito grande também no meu trabalho. Então isso se reflete também na minha carreira como compositor. Tem muita coisa que eu componho naquilo que meu pai me trouxe como referência, referência do samba, da música sertaneja, da música de raiz. Ele sempre foi um grande intérprete, não foi só um sambista. Ele interpretava tudo que era tipo de música, um dos caras que o pessoal fala que é um dos precursores do rap no Brasil.
Eu gosto muito de conversar samba, acho que muito pelo que meu pai me apresentou de samba. Tem muitas canções que eu faço pensando na voz dele cantando. Ele gravou muitas coisas minhas, muito samba meu, eu produzi cinco álbuns para ele, cinco discos da carreira dele, dois dos quais indicados também, então a gente tinha uma parceria profissional também muito grande, que extrapolava essa relação de pai e filho. Então ele é uma grandiosa referência para o meu trabalho também.
OFuxico – Você já compôs alguma música especialmente para ele?
Jair Oliveira – Já compus algumas músicas especialmente para o meu pai, não só para ele gravar, mas também utilizando ele como inspiração. Então ele, como eu disse, já gravou muita coisa minha, algumas que eu não compus pensando nele outras que sim. Tem um samba por exemplo que ele gostava muito chamado “Falso amor” que eu gravei e acabei depois gravando com ele também, acabei me inspirando na obra dele para compor esse samba, assim como vários outros que eu já conclui. Existe uma música chamada “O sorriso”, que eu fiz pensando nele e é uma música muito especial para mim, porque eu compus no dia do velório do meu pai. Naquela confusão toda, quando eu cheguei em casa extremamente exausto, eu quis me comunicar com ele de uma forma musical, como a gente sempre fazia em vida. Então eu cheguei em casa e acabei compondo essa música chamada “O sorriso” pensando muito no poder desse sorriso dele; do sorriso que ele colocava na música, do sorriso que ele passava para as pessoas, do sorriso que era marca registrada dele, não só na carreira, mas na vida pessoal.
Então, como essa música que tá no meu disco de 2018 chamado “Selfie”, a música que se chama “O sorriso” , mas o meu disco tem essa música e também foi indicado e depois acabei fazendo um outro samba também pensando em Jair Rodrigues. Esse, quem gravou foi minha irmã que é um samba chamado “Estrela Sorridente” e também fala do sorriso, da importância dessa alegria na música e no samba e várias outras coisas. Estou gravando um disco novo que vou lançar até o final do ano. Acabei de lançar o primeiro single chamado “Rede essencial” que é uma música minha e produção do Douglas Lacerda.
Lancei essa semana na minha plataforma digital, chamada marshmelody.com e aí acho que em mais duas semanas a gente lança em todas as plataformas digitais. E nesse disco que eu tô lançando aos poucos é um disco chamado “Tecuha” uma palavra indígena quer dizer aldeia, comunidade. E como eu tô utilizando no disco todo esse conceito de trazer outros artistas para fazer parcerias, tanto na composição quanto na produção utilizando ali vários produtores dessa minha plataforma. O disco ganhou esse nome porque tem esse conceito da comunidade e eu tenho alguns sambas também que eu fiz inspirado em Jair Rodrigues. Ele está sempre rodeando a minha criação e a minha vida, é óbvio né, meu pai está sempre aqui no meu coração, nos meus pensamentos, porque além de ser um cara que sempre respeitei muito, ele deixou um legado incrível de música, de humildade, de alegria, que a gente sempre tem que revisitar porque é um legado muito especial.