Pecuária: o que nos aguarda no segundo semestre?

Pecuária: o que nos aguarda no segundo semestre?

A cotação média, em junho, até o dia 13, estava em R$236,50/@ (referência Barretos-SP). Em um ano, a cotação caiu 21%. Em um mês, a queda foi de 7%. Veja, na figura 1, o comportamento do preço da arroba na praça paulista.

Figura 1. Comportamento do preço do boi gordo em Barretos-SP, em R$/@, descontados os impostos e a prazo, nos últimos 13 meses.

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* até dia 13
Fonte: Scot Consultoria

Esse comportamento dos preços vem confirmando a expectativa do mercado, uma vez que estamos na fase de baixa do ciclo pecuário de preços, cuja característica é o aumento da participação das fêmeas no abate de bovinos.

São vários os fatores que mexem com os preços, enumeramos aqui três deles.

O abate de fêmeas

Normalmente, no primeiro semestre, a participação de fêmeas no abate de bovinos é maior, em função do descarte de final de estação de monta. Em média, nos últimos 14 anos, de 2010 a 2023, no primeiro semestre, a quantidade de fêmeas abatidas foi cerca de 800 mil cabeças maior que no segundo semestre.

Figura 2. Média da quantidade de fêmeas (vacas e novilhas) abatidas, em mil cabeças, mês a mês, considerando o período de 2010 a 2023*.

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* 2023: até o primeiro trimestre.
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria

Demanda chinesa

Em média, de 2018 a 2023, de julho a setembro, a China compra um volume maior de carne bovina in natura do Brasil. Comparando os semestres, foram 80 mil toneladas a mais compradas no segundo semestre frente ao primeiro.

Figura 3. Volume médio das compras de carne bovina in natura pela China, em mil toneladas, mês a mês, considerando o período de 2018 a 2023*.

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* 2023: até maio
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Consumo no mercado interno

Normalmente, o consumo é maior no segundo semestre, com destaque para dezembro, conforme está na figura 4, em que a variação de consumo/vendas está plotada em relação ao mês anterior.

Os picos de consumo aconteceram em dezembro e os vales de consumo em janeiro, facilmente relacionados às festividades de final de ano e às contrações em função do aumento de contas a pagar em janeiro e das férias escolares.

Figura 4. Variação mensal do Índice Nacional de Vendas sobre o consumo nos lares brasileiros.

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Fonte: ABRAS / Elaborado por Scot Consultoria

O que nos aguarda?

Historicamente, os preços são maiores no último trimestre. Veja o comportamento do preço médio da arroba do boi gordo, em São Paulo, mês a mês, de 2001 a 2023, na figura 5.

Figura 5. Comportamento do preço médio da arroba do boi gordo, mês a mês, de 2001 a 2023*, em Barretos-SP. Preços deflacionados pelo IGP-DI.

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* até 13/6/23.
Fonte: Scot Consultoria

Considerando esses três fatores, a possibilidade de preços melhores é palpável com a queda sazonal da oferta de bovinos e da expectativa do aumento do consumo interno e para a exportação.

Mas, não se deve esperar preços exuberantemente bons, o mercado não está para isso.

Alcides Torres e Jéssica Olivier