Espírito Santo e estados produtores de cacau assinam termo de cooperação técnica para tratar a monilíase do cacaueiro
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Representantes dos governos da Bahia, Espírito Santo, Pará e Rondônia se reuniram, nesta segunda-feira (16), em Salvador (BA), em uma reunião técnica para discutir o fortalecimento da cacauicultora nacional e ações referentes à monilíase do cacaueiro, uma das mais sérias doenças que acometem as lavouras de cacau. O encontro também contou com a participação de representantes da cadeia produtiva do cacau.

Na ocasião foram discutidas ações preventivas, de enfrentamento e estratégias de defesa agropecuária para prevenir a entrada da monilíase do cacaueiro. Um termo de cooperação técnica foi assinado entre esses estados produtores com o intuito de alinhar a atuação preventiva, de ampliar ações de capacitação do corpo técnico e dos produtores rurais, além de discutir linhas de pesquisa e fomento.

Ainda no encontro, foi elaborado e encaminhando um ofício conjunto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) solicitando ampliação dos investimentos no enfrentamento da doença, com foco em medidas efetivas e resolutivas para impedir a disseminação e combate à Monilíase do Cacaueiro.

O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca,  Enio Bergoli, destacou que é essencial o envolvimento dos Governos, das instituições e do setor produtivo para impedir o avanço da doença. “Esse diálogo é essencial para avaliar os riscos que a possível chegada da monilíase do cacaueiro representa para as plantações do Espírito Santo e dessa forma organizar as ações a serem adotadas para apontar soluções para a cultura”, avaliou Bergoli.

Juntos, Bahia, Pará, Rondônia e Espírito Santo representam aproximadamente 98% da produção nacional de amêndoas de cacau, gerando uma receita anual que supera os R$ 23 bilhões e movimenta vários nichos de mercado. O Espírito Santo é o 3º maior produtor brasileiro de cacau, com expressiva produção em 45 municípios capixabas. Dentro do Estado, Linhares é o maior produtor e concentra 69,78% da produção estadual.

Levantamentos da Gerência de Dados e Análises da Seag revelam que somente em 2022, a produção de cacau capixaba somou 11.702 toneladas, movimentando R$ 134,3 milhões. Entre as frutas, o cacau é a terceira na ordem de importância de geração de renda rural, ficando atrás apenas do mamão e da banana.

A produção de cacau também fortalece a economia capixaba, assim como seu principal produto derivado, o chocolate. Em 2022, a exportação de chocolates e preparados com cacau foi de US$ 16,5 milhões de dólares, representando cerca de 1% do comércio internacional do agronegócio capixaba, com crescimento de 28% em relação a 2021.

O Espírito Santo é atualmente o quinto maior exportador de cacau e derivados do Brasil. De janeiro a agosto de 2023 foram exportadas 2.073 toneladas (+3,9) e US$ 11 milhões (+3,8%) em relação ao mesmo período de 2022.

Participaram também do encontro representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), Companhia de Ação Regional (CAR), Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (Acau), Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (BahiaTer), Ministério Público da Bahia, além de produtores de cacau da Bahia e do Espírito Santo.

Monilíase do cacaueiro

A monilíase é causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que ataca os frutos em qualquer fase de desenvolvimento e, em condições favoráveis, pode causar perdas de até 100% da produção. Uma das características da monilíase é a agressividade com que destrói as lavouras. O fungo pode sobreviver tanto no solo quanto em frutos velhos e nas sacarias.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o fungo relatado há mais de 200 anos na América do Sul, tem como principal sintoma inicial o escurecimento dos frutos. A partir daí, em poucos dias, ocorre a formação de uma grande quantidade de pó branco que são os esporos do fungo que se espalham facilmente.

Nas regiões onde a monilíase se instalou, os prejuízos foram ainda mais graves do que os ocasionados pela vassoura-de-bruxa, por exemplo, cujas consequências às lavouras de cacau são severas. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Brasil era o único país produtor de cacau da América Latina que ainda não tinha registro da doença, porém, em 2021, um foco foi confirmado no Acre. Um segundo foco foi registrado, no fim de 2022, no Amazonas. A doença atinge somente as plantas hospedeiras do fungo, sem riscos de danos à saúde humana.