O presidente Donald Trump mencionou o Brasil como exemplo de um país que, segundo ele, trata os EUA de forma injusta no comércio internacional. A menção ocorreu em seu discurso diante do Congresso americano na noite de ontem. Foi a primeira vez em que ele falou aos congressistas neste primeiro mandato, repetindo slogans de sua campanha, ataques às políticas de diversidade e ampliando a radicalização de suas propostas políticas.
O republicano defendeu sua política de tarifas contra aliados e adversários. Segundo ele, empresas estrangeiras estão transferindo suas fábricas para os EUA como forma de fugir dessas barreiras. Trump, no entanto teve de admitir que “algum distúrbio” pode ocorrer no curto prazo, em uma alusão à inflação e violando sua promessa de campanha de que adotaria medidas para reduzir o custo de vida dos americanos.
Além do Brasil, Trump criticou a Índia, China, México, Canadá e os europeus. Segundo o presidente, medidas de reciprocidade contra governos estrangeiros vão entrar em vigor a partir de 2 de abril. “O que eles nos colocarem de tarifas, colocaremos neles”, disse.
“Todos os países se aproveitaram de nós por muitos anos, mas isso não vai mais acontecer”, disse. Segundo ele, “haverá alguma dificuldade”. “Mas tudo bem, não vai ser muita”, disse.
A referência ao Brasil ocorre duas semanas depois que a Casa Branca usou justamente a situação no país para justificar medidas protecionistas.
Em 14 de fevereiro, numa consolidação de sua estratégia comercial, Donald Trump publicou um plano de aumento de tarifas de importação e o estabelecimento de uma regra que cria um tratamento recíproco contra alguns de seus maiores parceiros comerciais.
O Brasil, naquele momento, foi citado no memorando assinado na Casa Branca como um exemplo de país que pode ser afetado por tarifas por conta de suas taxas impostas sobre o etanol americano.
A situação do etanol e a preocupação do governo brasileiro.
Naquele momento, a Casa Branca acusou o Brasil de cobrar 18% de tarifas para o etanol dos EUA. Mas os americanos taxam o produto brasileiro em apenas 2,5%. O governo americano destaca que, como consequência dessa discrepância, “os EUA importaram US$ 200 milhões em etanol do Brasil em 2024, mas exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil.”
Apesar das promessas de Trump e de suas ameaças, não houve ainda uma aplicação imediata das taxas.
Mesmo assim, a referência explícita ao Brasil foi considerada como uma preocupação dentro do governo
No governo de Jair Bolsonaro, o Brasil eliminou as tarifas para o etanol americano. Mas, nos primeiros meses do governo Lula, o produto voltou a ser taxado em 18%.